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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Roda Punkrock/Hardcore “Pogo”

Bem penssoal, muita gente não sabia e não sabe o que é um "pogo" ou "roda de rock", Eu estava fazendo uma pesquisa (confesso que mesmo após tantos anos, nem eu sabia exatamente o que era) dai me veio essa idéia. Achei bem legal o resultado final então resolvi postar p'ra vocês espero infinitamente que gostem.
Luciano Lima.


Roda Punkrock/Hardcore “Pogo” - A Dança Punk
Se auto-afirma o baixista Sid Vicious (Sex Pistols) que ele inventou o pogo por volta de 1976. Na mostra punk nos primeiros ensaios da cena punk de Londres, ele queria dançar “Vicious” dos Sex Pistols, mas de alguma forma diferentes dos demais, mas ele não podia dançar assim que começaram a saltar para cima e para baixo e foi assim que o pogo nasceu. Se Vicious realmente inventou a dança ou não, o pogo rapidamente se tornou intimamente associada com punk rock. Shane MacGowan, ele próprio um adepto da cena punk, também atribui a dança pogo a Vicious, alegando que um poncho de couro que ele usava para Shows, impedido de qualquer outra forma de dança, exceto pulando para cima e para baixo. Jon King of Gang of Four ajudou a popularizar o pogo como um movimento de palco para apresentações.

Nos anos seguintes, mergulho fase surf multidão, dançando mosh e hardcore tornaram-se todos os associados com a dança pogo, embora algumas destas atividades precedem o pogo.
Geralmente quando se vai á um show punrock/hardcore acontece um nascimento de uma relação de amor/ódio pois nada ali é tão confortável ou conveniente assim, e os comportamentos inseridos naquele contexto não são nada convencionais, nada te faz entender o por que de ficar ali sobre tal desconforto algo totalmente diferente de shows de cantores e bandas famosas onde os fãs vão para ver a banda e cantar as músicas, em um show punk o objetivo principal é dançar. Uma dança bem peculiar, que até parece uma briga campal com chutes e socos para todos os lados.
Essa é a "Roda de Pogo" (pronuncia-se pôgo) ou simplesmente “Roda” Para os intimos, também chamada de "Roda Punk", aquele aparente tumulto em frente ao palco, que na verdade é a dança de várias pessoas, que se deixam levar pelo som. Aqui vou tentar descrever um pouco desse comportamento. Chamado “pogo” mas para que ele aconteça são necessários alguns fatores determinates como:


Show da banda DeadFish de Vitória – ES, podemos observar um mosh uma manifestação de pogo ao centro e a questão do espaço

O ambiente, vazio

Começando com o lugar onde acontecem os shows. Nada de grandes galpões, palcos espaçosos de 2 metros de altura, camarotes, seguranças, jogos de luzes, gelo seco, inspeções sanitárias e dos bombeiros. Os shows acontecem em bares, porões, garagens e similares. São lugares comuns e apertados, que às vezes têm um palco.
 Imagine um bar comum, um boteco com balcão e mesas ou até espaços em processo de construção. No fundo, uma porta que está sempre fechada e leva a uma sala pequena, escura e vazia, sem móveis, sem decoração. Essa é a sala onde acontecem os shows. Suas características:
  • As paredes são escuras (pintadas de preto ou simplesmente sujas).
  • Não há janelas, pois o som não pode escapar para a vizinhança.
  • Ventiladores são um extra e ar condicionado não existe.
  • A iluminação é mínima, com luzes amareladas ou negras e cansadas.
  • O cheiro é uma mistura de mofo com fumaça de cigarro, cerveja e suor dos shows anteriores, porém é suportável.
  • O chão é grudento e deslizante.
No canto da sala tem um "palco", um tablado preto de 20cm de altura mas pode variar de acordo com a estrutura onde cabe uma banda de três integrantes. O palco é vazio também, pois os amplificadores, instrumentos e toda a aparelhagem são trazidas pelas bandas quem tornam o palco menor ainda.
Extintores? Saída de incêndio? Luzes de emergência? Podemos perceber a ausência de todos esses itens.

O ambiente, cheio

O público chega aproximadamente uma hora antes de começo do show e o lugar fica cheio. Mas cheio no sentido "lotado" da palavra. Não há espaço para se movimentar livremente, é preciso que outras pessoas saiam do caminho para que você possa andar ou se for o caso respirar.Se pararmos e observarmos veremos vários tipos de comportamentos sociais inclusos neste ambiente pois o rock se divide em varias classes das quais nem sempre dividem os mesmos preceitos daí acontece o surgimento de varias classes de rock mas independente da classificação musical o pogo ou roda não é uma manifestação apenas punkrock/hardcore e sim de uma abrangência enorme no contexto musical independente de que classe você pertença. Na pogo podemos observar: punks de moicano colorido, metaleiros cabeludos de preto, carecas de suspensório (nazistas, porém no cenário punkrock/hardcore alagoano eles foram extintos por sua falta de conduta), Pré-adolecentes de 14 anos, bêbados do boteco, surfistas de bermuda, hippies dentre outros tipos não classificáveis.
Os  integrantes das bandas são pessoas não identificáveis no meio do público, que na sua vez vão ao palco para tocar. Nas outras bandas eles são como todos os outros, assistem e participam do pogo e show.
A porta fica sempre fechada para o som não escapar para a vizinhança e vale apena ressaltar que quase sempre não há janelas. O resultado é que o ar não circula, não se renova. Dentro da salinha é sempre um forno e todos suam. "Calor humano" ganha um novo sentido nesse ambiente.
O cheiro que antes era suportável agora fica realmente forte. São adicionados mais alguns ingredientes à mistura: respiração, flatulência e suor dos presentes, cerveja e outros tipos de bebidas alcólicas derramadas no chão e fumaça de cigarro (nicotina e maconha e outras substancias desconhecidas). Depois de um tempo sua percepção é alterada e você perde a capacidade de perceber determinados odores e cheiros inclusos neste ambiente.
Devido ao calor, a maioria das pessoas (sexo masculino) estão sem camisa e pingando de suor, e como todos estão espremidos, o contato de sua pele com o suor de vários indivíduos é inevitável e confesso que é um sensação horrível no entanto tato é outra capacidade sensorial que você acaba ignorando aos poucos.
O lugar é fechado, então as paredes começam a transpirar. O chão fica igualmente molhado de suor e de cerveja e outros liquidos, passando de grudento a escorregadio. Este é um elemento dificultador do pogo (roda).
Não há seguranças apenas alguns contratados sem lá muita experiência. Não há policiamento. Não há qualquer tipo de controle. O dono do bar raramente se incomoda com o show. As bandas e o público tomam conta de tudo. O bom senso funciona, muito bem mesmo tendo vários bêbados e drogados no recinto.
A primeira banda vai ao palco e o show começa. São cinco integrantes que se espremem para caber no mini-palco. É comum eles se trombarem durante o show ou a invasão de pessoas da platéia. A primeira fileira da platéia consegue ver a banda toda, o resto do público só vê cabeças. Mas como o objetivo é dançar, ou melhor, entrar na roda, isso não importa.

O pogo

O pogo pelo que podemos perceber e a razão da existência de um show punk. Existe um aparato de estímulos que fazem o orgânico perceber o ambiente com euforia e êxtase fazendo uma liberação hormonal e assim tendo toda uma resposta não só psicológica mas também fisiológica para a situação. Podemos observar empurrões, cotoveladas, chutes, socos e mais uma porção de reações não estipuladas, podemos observar também que mesmo após tais comportamentos podemos perceber que no final de cada musica todos se abraçam ou se comunicam de alguma forma indicando o bem estar da situação. 
Segundo Aurélio Marinho Jargas:
 “O momento de alegria e energia quando o punk e o surfista se abraçam, depois se chutam, depois se abraçam de novo e por aí vai. Tudo numa boa.“
Pogar é simplesmente "dançar" num contexto punk. O termo "poguear" também pode ser usado, porém é menos comum. O som punkrock/hardcore é forte, rápido e cheio de energia, e a dança reflete essas características. Ao ouvir a música, seu corpo inteiro vibra e essa relação estimulo quando recebido e percebida pelo orgânico se reflete na vontade  de: pular, correr, sair chutando o mundo. E assim é a dança, consiste em pulos, correrias e movimentos cadenciados de braços e pernas.
O pogo clássico foi eternizado com o desenho da banda Circle Jerks:

O pogo clássico
Os movimentos necessários para o pogo: andar, dando os passos no ritmo da música. A cada passo, a perna é levantada e esticada, dando-se um chute no ar, como se estivesse chutando uma bola de futebol. Um chute médio, nem fraco nem forte.
Nota:  Devemos observar que os chutes e socos distribuídos durante o pogo não tem um objetivo fixo de machucar e nem tão menos de provocar. 
O tronco e a cabeça são movimentados para um lado e para o outro, acompanhando o ritmo e os chutes. É toda uma flexibilidade corporal.
Os braços ficam dobrados em 90 graus e os punhos fechados, fazendo um movimento alternado, para frente e para trás, no ritmo da música. É como um boxeador em posição de defesa do rosto, só que com a guarda mais aberta (os punhos não se tocam) e os cotovelos bem afastados. A cabeça fica levemente abaixada. Esta é uma posição de defesa da cabeça, para evitar colisões. Assim, nos choques o que se bate são os cotovelos e antebraços.
Algumas variações incluem uma posição diferente dos braços, dobrados na vertical e fazendo movimentos para cima e para baixo. Ou ainda dar joelhadas no ar ao invés de chutar.
Se você nunca teve uma experiência com pogo, imagine a dança. Um boxeador defendendo a cabeça, gingando e dando chutes no ar. Isso é pogar. Agora imagine vários boxeadores fazendo o mesmo em um espaço minúsculo, se chocando e se batendo o tempo todo. Isso é um pogo.
Se passa a semana inteira, o que fazer para melhorar?
As contas estão esperando e o salário não vai dar.
Chega o fim de semana e eu sei que algo vai mudar,
Quando esqueço os meus problemas e começo a POGAR.
-- banda Sociedade Armada

A roda de pogo


A roda de pogo é uma evolução natural do pogo. Com cada um andando em uma direção diferente, os choques frontais são muito freqüentes e a dança fica prejudicada. Apesar de se trombar fazer parte do jogo, se trombar demais impede que se tenha a flexibilidade corporal necessária para acompanhar o ritmo da música.
Nada é combinado, mas intuitivamente todos começam a andar para uma mesma direção, diminuindo o caos de colisões frontais. Como o espaço é reduzido, só é possível andar em círculos, ao redor do centro do pogo. Esta é a roda de pogo.
O sentido não importa, mas parece ser mais "natural" andar no sentido anti-horário. Já que grande parte das rodas de pogo giram nesse sentido.
A roda geralmente se forma na frente do palco, logo atrás do pessoal do gargarejo (pessoas que ficam gritando em frente ao palco) na primeira fileira. Ela pode ser pequena ou imensa, dependendo do número de integrantes. Geralmente há apenas uma. O resto do público que não quer entrar na roda se acomoda ao redor em posição defesa onde colocam seus cotovelos na frente do rosto fazendo uma figura geométrica de um quadrado tocando a mão direita no cotovelo esquerdo e a mão esquerda no cotovelo direito, levando uns chutes, cotoveladas e encontrões sempre quando alguém na roda perde o controle.
No intervalo das músicas a roda pára e todos descansam. É comum ver abraços entre amigos, sorrisos e gritos dos estimulados. Os sorrisos também são comuns de ver no meio da roda. Aparentimente chutar e ser chutado faz parte do jogo e todos fazem isso com alegria. É a dita  “libertação”.
Quero uma festa com os Kennedys
Eles é que sabem o que é hardcore
Depois pra resfriar e afastar os junkies
POGUEAR um monte ouvindo Circle Jerks
Quero uma festa punk!
-- banda Replicantes

As variações da dança

Quando existe uma euforia musical, é comum ver variações do pogo clássico, que podem incluir:
  • Rodar a camiseta acima da cabeça e gritar.
  • Jogar cerveja para o alto e gritar.
  • Subir no ombro de outro individuo e rodar a camiseta e/ou jogar cerveja.
  • Pular no ar num momento de ápice da música.
  • Dar vários pulos consecutivos no ápice do momento de ápice da música.
  • Levantar um braço com o punho fechado e cantar frases da letra.
  • Levantar os dois braços e com os punhos e olhos fechados cantar a frase da letra que é realmente especial para você.
  • Abraçar o primeiro individuo que vier pela frente e pogarem juntos por alguns segundos. Não ficar muito tempo abraçado pois senão pode ficar meio estranho.
  • Fechar os olhos e simplesmente deixar o corpo solto, sendo jogado para todos os lados junto com o pogo.
  • Fazer um mosh.
  • Bater cabeça
Como se a vida fosse um punkrock em show
Temos 15 minutos para mostrar o que queremos
E você segue em frente contente com o show
CHUTANDO as coisas ruins, deixe tudo de lado
-- banda Tequila Baby

O mosh


O mosh (pronuncia-se móchi) não é uma exclusividade de shows punk, mas por ser bem freqüente a sua execução, merece ser comentado também. "Dar um mosh" é subir no palco e se jogar de lá, caindo em cima da platéia. O palco deve ser alto. O nome estrangeiro é "stage dive", mas geralmente é aprendido como mosh.
Funciona de duas maneiras: 1º) O individuo se joga. As pessoas o seguram não porque querem, mas porque é a única maneira de não se machucarem com o choque do corpo do sujeito, já que o lugar está lotado e não é possível sair debaixo. Por isso é considerado mais viável pular em cima das pessoas que estão assistindo o show, e não no pogo. 2º) O individuo pula em seus amigos ou conhecidos que ele considere que não o deixarão cair.
O pulo aparentemente é mais uma questão de estilo/estética. Pode ser frontal (tipo mergulho), de costas, com giro, com mortal, braços abertos, qualquer coisa só não será aceito pular "em pé". Esse tipo de movimento não é aceitos pelos demais. E ainda existe o risco de machucar alguns individuos com a pisada.
Podemos perceber também que existe um tempo de permanecia no palco, para aqueles(a) que desejam executar o mosh. Aparentimente qualquer tipo de permanência não solicitada no palco é considerada uma tentativa falha.

As regras

Punks e regras não combinam dês dos tempos mais primórdios já que a palavra punk significa desregrado. Mas o pogo (roda)  podemos perceber que é como se fosse um mundinho à parte, com as suas regras de conduta e de boa convivência que devem ser respeitadas.
Entendo que qualquer individuo que nunca teve uma contato com o pogo pode facilmente presumir que é muito simples seu funcionamento. Posso presumir que o pensamento seria: "Ah, entendi, basta socar e chutar todo mundo e estarei dançando". E lá vai o individuo fazer isso no pogo. Ele com certeza sairá machucado.
Todos no pogo sabem quem são os que estão dançando e aproveitando  apenas a manifestação cultural e os que estão abusando e se aproveitando da situação para a pratica do sadomasoquismo. Qualquer pancada diferente do normal é facilmente reconhecida e a repreensão pode vir verbalmente ou com outra pancada mais forte.  Às ditas "Sem querer", apesar desses fatores brigas no pogo são raríssimas e em grande parte inadimisiveis.

ETIQUETA DO POGO


Segundo Aurélio Marinho Jargas às etiquetas do pogo acontecem desta forma:
  • Cada um pode dançar como quiser, batendo nos outros de maneira amigável e não intencional, sem abusos.
  • Se alguém cair no chão podemos observar um comportamento de proteção ou  de solidáriedade, os que estão ao redor fazem uma "cabaninha" para protegê-lo(a) e o ajudam a levantar.
  • Se precisar amarrar o tênis/bota/coturno, faça isso fora do pogo.
  • Se  achar alguma coisa no chão, entregue para o cara da banda anunciar no microfone no intervalo das músicas.
  • Uma garota pogando ou dando mosh deve ser encarada como um punk suado fedido. Nada de aproveitar para tirar uma lasquinha. Isso é considerado falta de conduta.
  • Se você quer que sua namorada pogue, deixe-a. Ficar protegendo a mulher no meio do pogo é ineficiente e atrapalha os demais. Ou deixe-a livre ou saiam da roda.
  • Pogo e cigarro não combinam, pois brasa quente e caras sem camisa se atraem. Se quiser fumar, saia do pogo.
  • Cansou? Saia do pogo, não fique parado no meio atrapalhando o fluxo.
  • Tomou uma pancada forte? Tente identificar se foi intencional ou sem querer. Geralmente é sem querer. Saia da roda para se recuperar. Se foi intencional, marque o cara e depois bata nele "sem querer" também em outra música, para que ele saia do pogo. Se quiser ser mais construtivo tente conversar e explicar o que ele fez de errado.
  • Bateu forte em alguém sem querer? Peça desculpas na hora para não ser confundido como intencional. Mesmo se desculpando, sair do pogo por alguns minutos pode ser uma boa idéia. Avalie a situação.
  • Não brigue. Você notou que não há brigas no pogo? Faça a sua parte para que isso continue assim.

O fim

 Podemos observar que ao termino dos shows, os individuo saem exausto, sem ar, com sede, com fome, fervendo, suando e com dores por todo o corpo. As roupas estão encharcadas numa mistura de suor, cerveja e manchas de coisas que você não tem nem idéia. Perder a camiseta é comum, não existe essa preocupação. O cheiro do individuo é  um tanto quanto, insuportável. Suas roupas devem ir direto para o tanque ou para o lixo. A nuca dói. Há arranhões, hematomas e roxos em todo o seu corpo, principalmente no antebraço e nos cotovelos. Seu tênis/bota/coturno está irreconhecível, todo pisoteado e sujo.
E o principal: pode-se perceber que há um sorriso em seu rosto misturado com uma sensação, que seria descritível como realização.

 




[i] Aurélio Marinho Jargas, nascido em 77, programador, baterista, já tocou nas seguintes bandas de hardcore: CORRERIA HC, DUMBS, SCARECROW, VALETA e NO SNACKS. Praticante da pogoterapia.

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